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O que esperar de 2021?
Embora o mercado já tivesse encarado crises como a Grande Depressão de 29 e a crise imobiliária de 2008, nada foi parecido com o que vivemos no ano de 2020 com a COVID-19. O que presenciamos foi um choque na oferta e na demanda de maneira simultânea, com uma situação econômica inédita e um consequente mercado disfuncional.
Em 2020, passamos por injeções de liquidez e cortes de juros promovidos pelos bancos centrais para estancar a sangria e acalmar os mercados. O excesso de otimismo e liquidez no sistema financeiro têm causado distorções entre preço e alguns fundamentos. A conjuntura financeira favorece uma alocação em ativos de risco, mas as incertezas sobre a economia real nos trazem de volta à realidade. Assim, cabe a nós, gestores de investimentos, identificar as diferenças entre preço e valor.
Neste contexto de volatilidade e imprevisibilidade, nosso time trabalha de maneira persistente para alcançar os melhores resultados possíveis no nosso fundo, o Algarve Arroba 3, que completou 3 anos em agosto de 2020 e acumula +72% de ganhos neste período. Passamos por alguns momentos turbulentos, tanto no mercado doméstico como no internacional, mas conseguimos entregar um resultado positivo para nossos investidores. Encerramos o ano com +24% e seguiremos em 2021 alinhados ao nosso propósito de geração de valor a longo prazo.
Entenda abaixo como estamos nos preparando para o cenário deste ano em nossos 4 principais portfólios (ações globais e brasileiras, commodities, juros e moedas) no fundo Algarve Arroba 3.
Ações globais e brasileiras
Nossa abordagem com ações é manter uma carteira equilibrada, focada em fundamentos e teses de investimento de longo prazo. Isso significa estar atento e observar tendências que acreditamos que se tornarão relevantes nos próximos anos. Entre esses temas, destacamos o e-commerce, 5G, armazenagem e gerenciamento de dados, energia sustentável, cibersegurança, entre outros.
Buscamos também alcançar um equilíbrio entre os casos de valor e crescimento. Nos casos de crescimento, apostamos em empresas focadas no setor de tecnologia. A pandemia acelerou algumas tendências que devem se consolidar no mundo pós-covid, como serviços de cloud e banco de dados. Entre os casos de valor, mantivemos e adicionamos empresas com sólidos balanços, baixa alavancagem e geradoras de caixa.
Para os próximos anos, mais do que pensar em tecnologia, pensamos em companhias que facilitam a colaboração digital, suportam o trabalho remoto e permitem que pessoas (e outras empresas) melhorem a sua eficiência, sempre com agilidade e decisões baseadas em dados.
Commodities
O ouro tem exercido um papel preponderante de proteção contra a desvalorização do dólar. Ao contrário de outras commodities, como metais industriais, agrícolas e petróleo, o ouro não é representativo em nenhum índice inflacionário.
Aproveitamos a recente desvalorização do metal para reiniciar posição comprada. Acreditamos que o ouro ainda encontra suporte, dadas as taxas reais negativas observadas e seu prolongamento diante das medidas de incentivos fiscais e monetários ao redor do mundo para conter os efeitos causados pela pandemia na economia global.
Juros
Os estímulos governamentais para sustentar a economia seguem em ritmo acelerado. Como resultado desta vasta criação de recursos, após a normalização da atividade econômica em um futuro, quem sabe, próximo, possivelmente as autoridades monetárias e governamentais terão incentivos para deixar a inflação mais alta a fim de reduzir toda a dívida acumulada. Apesar deste ser um risco de médio ou longo prazo, a preocupação de um repique inesperado da inflação é real, o que possivelmente acarretará em ajustes nas políticas monetárias.
Lamentavelmente, o quadro fiscal brasileiro ainda é um obstáculo e a agenda de reformas continua travada. O tema deve ser retomado somente após as eleições presidenciais da Câmara e do Senado, em fevereiro de 2021. Como a situação fiscal do Brasil já era delicada antes mesmo da pandemia, não existe um resultado só com ganhadores e, no momento, a alta da carga tributária deve ser o caminho escolhido.
Moedas
Como o dólar vai se comportar com a eleição de Biden? Para muitos, o novo presidente significa um turning point na apreciação do USD frente às outras moedas. O motivo é que Biden vai trazer mais previsibilidade nas tratativas comerciais e tentará abordar as falhas da globalização de uma forma mais cooperativa com o resto do mundo.
No entanto, não estamos totalmente convencidos disto. O aumento do déficit no mundo substancialmente gera uma demanda por USD para o pagamento do serviço de dívidas e de amortizações à medida que o mercado se estabiliza. Esse movimento gera demanda por dólares, fortalecendo e aumentando ainda mais a dependência do mundo pela moeda americana. Enquanto isso, o enfraquecimento da moeda americana se intensifica e a tendência é de que esse andamento continue no primeiro semestre de 2021.
O que esperar de 2021?
Finalmente, apenas o tempo e a vacina serão capazes de restabelecer a normalidade. Enfrentamos meses difíceis, de muita oscilação, mas a perspectiva para o novo ano é de início de uma recuperação que se dará de forma mais vigorosa quando parte da população mundial já estiver vacinada.
O ano de 2020 foi caótico sob o ponto de vista de ruptura, mas lições aprendidas em 2008 contribuíram para a estabilização dos mercados e atividade econômica. Acreditamos que os próximos anos serão mais desafiadores em termos de gestão de investimentos. Por fim, se 2020 foi emocionante, não espere muitas mudanças para os dois próximos anos: juros negativos e alavancagem alta criam uma dependência perigosa.