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Free Solo

“Qualquer coisa que você fizer, faça bem feito.” Walt Disney

 

Mas porque estamos falando de escalada em um artigo sobre risco? Alex tem uma abordagem muito interessante sobre o assunto. No free solo a consequência de um movimento errado é a morte, mesmo sendo contraintuitivo, Alex acredita que seu risco é baixo, e ele provavelmente está certo.

Preparo, prática e disciplina são elementos essenciais na vida de Alex. E, por mais maluco que ele possa parecer, é uma pessoa extremamente consciente dos riscos e das consequências toda vez que se aventura. 

O risco pode ser definido como a probabilidade de insucesso de determinado evento, em função de acontecimentos eventuais, incertos, cuja ocorrência não depende exclusivamente da vontade dos interessados. Ou seja, risco existe quando há chance de algo dar errado, e isso não depende só de você. 

Durante uma assembleia da Berkshire Hathaway em 2001, quando a bolha da Internet começava a desinflar, Buffet se dirigiu aos acionistas com a seguinte abordagem:

“Nós consideramos que a volatilidade como medida de risco é uma maluquice. E a razão pela qual ela é usada é porque pessoas que estão ensinando querem falar sobre risco. E a verdade é que eles não sabem medi-lo nos negócios. Eu digo que isso faria parte do nosso curso de como avaliar um negócio. Também seria, quão arriscado é esse negócio? E pensamos nisso em cada empresa que compramos. E o risco para nós está relacionado a… Bem se relaciona a várias possibilidades. Uma é o risco de perda permanente de capital. E outro é o retorno inadequado no tipo de capital que aplicamos. Não se relaciona de forma nenhuma com a volatilidade.” (Tradução livre)

Warren Buffet, agora com mais de 90 anos, tem investido em ações por sua vida toda, sua filosofia de investimento é o value investing, no qual ele procura ativos que estejam com preços abaixo do seu valor intrínseco. 

Nesse caso, o valor do negócio depende dos fundamentos da empresa, das perspectivas de investimento, do modelo de negócio, setor etc. Se de acordo com esses critérios o valor é mais baixo que o preço de mercado, ele tem uma margem de segurança para investir. Buffet não gosta de investir em empresas de tecnologia,  é verdade que ele tem feito alguns investimentos em empresas como a Apple, mas ele não muda sua filosofia de como selecionar seus ativos. 

O que Buffet e Alex têm em comum é que os dois entendem o que é perda permanente, assimetrias e o quão bem preparado cada um tem que estar antes de assumir riscos.

Por que você é sua melhor calculadora de risco? Imagine que você tem R$ 1 milhão, esse é todo o seu patrimônio, e alguém lhe proponha o seguinte negócio: você investir R$ 1 milhão com 90% de chance de dar certo e ganhar mais um milhão. Matematicamente o retorno esperado deste negócio é de R$ 900 mil. 

Ou você investe em títulos públicos com rendimento de 5%, mas com 100% de chance de pagamento. Nesse caso, o retorno esperado é R$ 50 mil. Veja bem, você está investindo todo o seu dinheiro. Ainda que os 90% seja uma alta probabilidade de sucesso, se der errado você vai à falência.

Agora imagine que você possa fazer o mesmo investimento, mas com um valor menor, por exemplo R$ 200 mil de capital. Parece muito mais razoável que as pessoas tomem a decisão de correr este risco e não com todo o seu patrimônio. “Se der errado, eu ainda posso me recuperar.” 

Entender o efeito diversificação é igualmente importante. A teoria moderna de portfólio sugere que quanto maior a diversificação, menor o risco. Por outro lado, a diversificação não pode ser excessiva, caso contrário estaríamos tendendo ao retorno do próprio mercado.

O resultado e o comportamento do portfólio dizem muito de como ele está estruturado. Você não precisa que tudo suba todo dia, o importante é ter equilíbrio de modo que no longo prazo seus investimentos lhe garantam um retorno sustentável. Um investidor não é um corredor de 100 metros, ele é um maratonista.

O retorno sem alavancagem financeira é o ideal. Geralmente, o funding é de curto prazo e volátil tanto em custo quanto em liquidez e ficamos expostos a riscos subjacentes ao nosso investimento, multiplicando os fatores de risco. Analisando empresas, por exemplo, gostamos daquelas que têm negócios com alavancagem operacional altas, pois podem crescer mesmo em cenários econômicos adversos. A alavancagem financeira, em sua maior parte, tem restrições muito maiores do que as operacionais e o risco de perda permanente de capital é sempre presente. 

O risco é relativo, e a percepção de risco é relativa e particular a cada um. O que temos que ter em mente é que a consequência é que tem efeito na vida das pessoas, e não o risco.

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