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Ao contrário do que muitos imaginam, a revolução no setor automotivo é o carro autônomo, e não o elétrico

O carro autônomo vai mudar substancialmente a utilidade do seu próximo veículo. Para a maior parte das pessoas, deslocar-se sem dirigir pode ser um fator decisivo para a troca do automóvel. E isso aumentará a taxa de obsolescência da frota atual e até pode impulsionar as vendas de carros elétricos.

A utilidade de um veículo elétrico é muito semelhante ao de combustão interna. Significa que a função básica de te levar do ponto A ao B, independentemente do combustível, é a mesma. O argumento da eletrificação dos carros, em parte, é explicado por uma equação de custo e pela consciência do automóvel elétrico ser ecologicamente correto – ainda que nossa matriz de energia dependa, em grande parte, de combustíveis fósseis.

 

DEFININDO PADRÕES

Da mesma maneira que a Apple, com o iPhone, definiu os padrões para os smartphones, o Modelo S e a Tesla estão estabelecendo os parâmetros para os novos veículos. Não é por acaso que chegamos a este ponto: hoje, mais do que nunca, temos muita tecnologia embarcada em qualquer automóvel moderno, como centrais de entretenimento, sistemas de navegação e de prevenção de acidentes. Não é à toa que a demanda de semicondutores nesta indústria cresce dia a dia.

O iPhone 1 era algo diferente, principalmente no design. Mas, como toda nova tecnologia, tinha imperfeições evidentes: a digitação era ruim, a navegação pela internet medíocre e não tinha aplicativos. E, ainda assim, foi um marco na indústria. 

Comparar as duas companhias não vem ao caso. Contudo, ainda que Elon Musk tenha conseguido mudar o curso da utilização do motor a combustão, ele continua relutante em atualizar o hardware dos seus veículos, deixando o ambiente propício a um novo entrante, que, certamente, irá se favorecer de novas tecnologias a um custo acessível.

NOVAS TECNOLOGIAS

O LiDAR, em termos leigos, é um sonar que usa laser ao invés de som. Esses dispositivos custavam centenas de milhares de dólares. Hoje em dia, esses sensores estão sendo produzidos por poucas centenas de dólares (veja Luminar  e a Velodyne). Outra empresa, a WaveSense, utiliza um radar subterrâneo combinado ao GPS para determinar a localização em movimento, com precisão de poucos centímetros. 

As câmeras dos carros da Tesla têm 1.2Mp. Só para termos em perspectiva, recentemente a fabricante chinesa NIO (ET7 (nio.com)) anunciou um veículo (ET7) com 11 câmeras de 8Mp, 12 sensores ultrassônicos, cinco radares e dois LiDAR de longa distância com preços semelhantes ao da rival Tesla.

O QUE PODEMOS ESPERAR

O Nível 5 de direção autônoma (ver imagem acima) pode mudar a vida das pessoas e as suas relações com seus veículos para sempre. Essa tecnologia tem o potencial de ser disruptiva em várias cadeias produtivas e de serviços.

Nos níveis 4 e 5, a responsabilidade de uma colisão deve ser atribuída ao fabricante ou operador do sistema, e não ao condutor/passageiros. O Uber e os táxis vão continuar existindo, mas não teremos mais motoristas. Podemos avançar em um modelo de MaaS (Mobilidade como Serviço), no qual você faria uma assinatura definindo disponibilidade, modelo e outras características do seu veículo. Todo resto é obrigação da empresa que te fornece o serviço.

Provavelmente, grandes empresas de tecnologia ou fabricantes seriam os proprietários dos veículos. Sendo assim, não existiriam mais financiamentos, oficinas mecânicas, abastecimento/recarga e estacionamento. Tudo seria centralizado em uma empresa que cuidaria de toda essa burocracia.

As indústrias de seguro, financeira, distribuição de combustíveis e serviços de manutenção podem mudar radicalmente nas próximas décadas. A julgar pelo o que acontece atualmente com a Netflix, Amazon, Disney, Facebook, Google e Apple, para citar alguns, teremos poucos ganhadores. Lembre-se que mesmo as maiores tempestades começam com apenas algumas gotas de chuva.

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